quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

SÃO OS TEMPOS INFUNDIDOS SEDIMENTADOS PELA VERVE DELLES

Joilson Gouveia*


Ao ensejo, aos indignados, contrariados, preocupados, escandalizados, surpresos e assustados com o tal “que tiro foi esse? –, a qual, que não foi parida a fórceps nem é obra do acaso, gize-se, porquanto ínsita ao sórdido multiculturalismo paulatino, sorrateiro e tenaz desde sempre e como anelado e imposto pela verve de gramscistas et fabianistas - Ou os encantados com a crônica dominical, em pleno carnaval, de nosso culto, inteligente, sagaz e exímio literata caetés e tupiniquim, que a encerra como uma indagação: “que tempos são esses”?
Bem por isso, ouso sugerir a leitura de uma obra um tanto esquecida ou pouco conhecida, digamos assim, do mais autêntico, genuíno, douto e sábio filósofo brasileiro Mário Ferreira dos Santos [1907-1968] – “Invasão Vertical dos Bárbaros” – É Realizações Editora. Revisão: Danielle Mendes Sales. 2012.São Paulo. Na qual denuncia: “que é o exaltado, o merecido, o acentuado, senão tudo quanto aponta ao inferior, ao medíocre, ao horizontal? A VALORIZAÇÃO DA MEMÓRIA MECÂNICA. A VALORIZAÇÃO DA HORDA, DO TRIBALISMO. A EXPLORAÇÃO SOBRE A SENSUALIDADE. A DISSEMINAÇÃO DO MAU GOSTO. Etc. Loco citato às páginas 29 a 43.
Além do mais, convém não olvidar ao alerta de Rodrigo Constantino, em sua obra Esquerda Caviar: “NÃO DEVEMOS CONFUNDIR A ADMIRAÇÃO À OBRA DO ARTISTA COM SUA PRÓPRIA PESSOA OU SUAS IDEIAS POLITICAS”. E destaca, a saber: “Podemos respeitar ou até idolatrar certo músico, sem que isso signifique que suas ideias políticas devam ser também aceitas. Podemos ter ojeriza à conduta hipócrita de um famoso arquiteto, e ainda assim reconhecer sua importância em seu campo de trabalho. Podemos aplaudir de pé um excelente ator, e logo depois vomitar com seu discurso boboca. – A lembrar aquele global que vociferou ensandecido: “Cadê as provas”? E quase agrediu sua fã!
Ou alguém aprecia a Miss Universo por seu discurso sobre a paz mundial, e não por sua beleza? Quem foi que disse que atores e músicos são especialistas em economia e clima? Constatemos o óbvio: um canalha pode ser um excelente músico, pintor ou ator, assim como uma mulher com a cabeça oca pode ser linda.
Devemos separar uma coisa da outra. O que será atacado neste livro é a visão ideológica dos artistas e intelectuais da esquerda caviar, assim como suas contradições entre discurso e prática. (...)
Como disse Thomas Sowell em Intellectuals and Society:
‘O passo em falso fatal de tais intelectuais é assumir que a capacidade superior dentro de um campo particular pode ser generalizada como sabedoria ou moralidade superiores sobre tudo’.
Aldous Huxley, em seu romance contraponto, coloca em um dos personagens um alerta semelhante:
Uma das coisas mais difíceis de ter em mente é que o valor de um homem numa esfera determinada não constitui garantia de seu valor em outra esfera. A matemática de Newton não prova nada em favor de sua teologia. [...] Platão escreveu maravilhosamente bem, e esta é a razão pela qual muita gente acredita em sua perniciosa filosofia. Tolstoi foi um excelente romancista; mas não constitui isto razão para que deixemos de considerar detestáveis suas ideias sobre a moral, ou para que sintamos ou coisa que não seja desdém pela sua estética, pela sua sociologia e pela sua religião.
Esse alerta é especialmente importante no Brasil. Por aqui, há com frequência essa mistura. Basta um sujeito ser um músico bom que combateu a ditadura para se tornar o grande pensador político. Basta o arquiteto mundialmente famoso para que seu affair com ditadores sanguinários seja esquecido. Até mesmo jogador de futebol famoso acaba virando sumidade em temas sociais e políticos.
E arremata o Autor, Rodrigo Constantino: “No Brasil, o fenômeno da esquerda limusine foi agravado durante o regime militar, que criou os ‘filhotes da ditadura’. Qualquer um que tenha sido contra a ditadura, vista como de ‘direita’, com o tempo ganhou o estigma de grande defensor da liberdade e da democracia. Nada mais falso! Boa parte da esquerda lutava para implantar outra ditadura, como aquela existente em Cuba até hoje”.
Por fim, encerra seu alerta: Saibamos, então, separar o talento artístico da mensagem política. Feita essa ressalva, mãos à obra. Divirtam-se com a gritante hipocrisia dessa turma que luta por um ‘mundo melhor’, entre um champanhe importada e outra, muitas vezes do alto de seus jatos particulares ou o conforto de suas gigantescas casas. Diabos! Não é fácil ser um revolucionário de boteco chique e um porco capitalista sedento por mais lucro ao mesmo tempo. Mas nossos colegas de esquerda caviar aceitam o sacrifício”.
O título deste encerra e responde ao questionado: “que tempos são esses”?; ou não?
Abr
*JG

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